Enquanto vou me embrenhando no emaranhado de gravações do ciclo operático do mundo e região, Anel dos Nibelungos, deparei-me com umas criaturas muito curiosas, às vezes úteis, muitas vezes não, cuja única ocupação parece ser a de caçar e documentar em blogues e sites de compras as falhas desta ou daquela gravação da obra. Neste caso vale o conforto da velha litania dos pedintes e vendedores ambulantes que pululam nas cidades da pátria mãe gentil: Eu podia tá matando, podia tá robando, mas tô aqui mostrando meu trabalho, criticando a qualidade de gravação do Anel do Knappertsbusch...
Não escutei todas as gravações no mercado, nem ao menos todas as disponíveis online (o que seria uma tarefa ingrata e demandaria mais tempo do que meu próprio emprego em período integral - sem a correspondente remuneração), mas por em quanto minha favorita tem permanecido a mesma desde que a escutei pela primeira vez: o ciclo de Marek Janowski.Ele é vibrante, enérgico, muitíssimo bem cantado e, para meu ouvido (sim, porque só tenho um) extremamente claro. A clareza foi o que me conquistou: o som é limpo, a orquestra não passa por cima daz vozes, nem estas me impedem de ouvir a orquestra. Todos os componentes, as peças da engrenagem, estão ali para nosso deleite, e é possível escutar e entender cada um sem demasiado esforço.