quarta-feira, dezembro 26, 2012

Não-natal

O natal passou sem grandes acontecimentos. O jantar foi excelente, queijos e vinhos, mas tomei cerveja a noite toda. O peru deu logo sono e, feito cachorros magros, A. e eu nos desculpamos e fomos para casa. E mesmo sem nada interessante a dizer, achei por bem escrever algo, a fim de que 2012 não passasse em branco.

Foi um ano esquisito. Começou sem saber para onde A. e eu íamos os mudar. Comecei a trabalhar à noite e descobri que não me convém. É a vida. Depois veio a mudança e nossa extraordinária e cansativa jornada pelo sudoeste americano até a costa oeste. Saímos de Dallas e fomos parar (quatro dias depois) perto da capital da Califórnia, onde montamos acampamento (ou melhor, montamos apartamento, embora se pareça com um acampamento no mais das vezes). Não vimos o Grand Cânion, Vegas é, nas palavras da querida Leila Amadori, deprimente. Especialmente se você se hospeda no final da strip, lá onde "o filho chora e a mãe não vê". Mal chegamos e lancei-me ao novo trabalho, braçal porém honesto, enquanto tratamos de fazer o possível para acostumar os sentidos aos novos ares e às novas paisagens. É muita beleza para engolir de uma vez só. Aliás, numa coisa a Califórnia é como o Brasil: natureza cativante, porém o povo quer ser mais comunista que o Che.

Essa correria de um ano inteiro me deixou desgostoso. Um dia desses fiquei pensando em algumas coisas que gostaria de fazer para médio e longo prazo. Parecem tão distantes. Uma delas, talvez a mais simples, era voltar a escrever aqui.Quanto me falta para ser quem eu gostaria! (Tenho até medo de voltar a ler esta página e descobrir que ainda sou um adolescente aborrecido e choramingador como era a tantos anos atrás). Meu mal é apatia. Falta de vontade. Não faço cada que não seja por obrigação, e aí acabo fazendo de má vontade. Mentira, faço coisas por gosto sim, mas não com a concentração que mereciam. Ah, nem tudo é ruim, mas só por hoje acaba sendo. Só por hoje.

Perdoem o mau-humor, mas essa chuva, esse Sauvignonese, botam a gente irritado como um cão.

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