Estraho confessar, mas sempre tive um interesse insistente por essas cantoras que morreram jovens demais. Estava procurando na internet informações sobre a Tuca, uma brilhante cantora, arranjadora e compositora brasileira que fez suas andanças pela França e de volta ao Brasil em 75, e que veio a falecer três anos depois, deixando uma obra tanto pequena quanto interessante. Lembrei que também sempre fiquei fascinado com a história da Karen Carpenter. Além da morte relacionada ao mesmo problema, ambas cantam com voz suave, um tanto grave, bastante tranqüila.
As semelhanças, no entanto, param aí. Ao contrário da mais que famosa Karen Carpenter, Tuca é um dos mais bem guardados segredos da música popular brasileira; informações sobre sua vida são difíceis de encontrar, e seus albums só recentemente foram disponibilizados pelos bons ofícios do Zecalouro, responsável pelo site Loronix. Muita gente no Brasil e no estrangeiro passou algum tempo sem saber o que acontecera com ela. Os franceses sempre poderão se lembrar do álbum “La Question”, de Françoise Hardy, os brasileiros, além de poderem ouvir os álbuns de Tuca – cujo nome de batismo é Valenzia Zagni da Silva – podem ouvir o excelente “Dez anos Depois” de Nara Leão, que contou com grande participação de nossa heroína.
Tuca é da geração que apareceu no âmbito dos festivais universitários de música e aqueles grandes festivais da TV brasileira. Para os mais jovens (também não vivi nada daquilo, mas ao menos sei do que se trata), explico que era assim que alguém ficava conhecido nos idos de 1960, quando não existia MTV. É um período da música que acho bem interessante, cresci ouvindo esse tipo de coisa em casa, por culpa de mamãe (a culpa é sempre da mãe), mas não imaginei que houvesse saído dali uma artista tão criativa quanto Tuca. Achei sei trabalho acima da média, acrescente-se a isso o fato de ser algo pouco conhecido e minha atenção foi completamente cativada. Drácula “I Love You” foi muito ousado, diferente e é altamente recomendado por este humilde escrivinhador. Ali você encontra um misto de tristeza e estranhamento que, nas primeiras audições, me deixou meio sem chão. “Meu eu” é uma viagem curiosa pelo Brasil, pois te leva, às vezes na mesma faixa, por entre universos musicais díspares que se encontram espalhados pelo país, sem esquecer a influência clássica que faz participação especial em trechos do álbum, quase como uma brincadeira – ou assim pareceria se o primeiro álbum de Tuca não fosse, no geral, tão sério. Ah, não deixem de ouvir "La Question", vale muito a pena, embora meu francês macarrônico não me permita entrar em detalhes acerca das músicas. Vale especialmente por ser o melhor disco de Hardy e pelo violão de Tuca.
Hoje Tuca teria 64 anos. Não saberemos jamais o que ela teria feito. Esse é mais intrigante dos músicos que morrem jovens, a gente sempre fica pensando no que ficou por vir. Pensar nisso me deixa um tantinho melancólico.
P.S. A versão “oficial” da “vida e obra” de Tuca deixa a desejar, mas é a melhor fonte de informação que encontrei até agora: http://br.geocities.com/cantoras_brasil/cantoras/tuca.htm
sábado, dezembro 13, 2008
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6 comentários:
Tambem tenho enorme adimiração pela Tuca.Alem dosdiscos lançados ela tem três compactos. Um lançado em 1965 ciom musicas que particaparam dos primeiros festivais da canções. Lançous dois compactos simples na França sendo que Negro, Negrito foi lançado no BRasil, o outro sãopontos de umbanda....rarríssimo. viva Tuca
prodrogerio@yahoo.com.br
Tiagão, que ironia. Hoje sei lá pq deu vontade de entrar no teu blog (já que o meu acumula teias de aranha e outros vestigíos arqueológicos) e li esse post da TUCA. 4af que vem estou ajudando a organizar um evento no Teatro TUCA da PUC São Paulo sobre créditos de carbono... não é MUITA concidência !?!
Eu vou seguir tua dica musical e buscar conhecer esta desconhecida. Bom gosto eu sei que você tem! =]
Abração, H.
Tiagão, que ironia. Hoje sei lá pq deu vontade de entrar no teu blog (já que o meu acumula teias de aranha e outros vestigíos arqueológicos) e li esse post da TUCA. 4af que vem estou ajudando a organizar um evento no Teatro TUCA da PUC São Paulo sobre créditos de carbono... não é MUITA concidência !?!
Eu vou seguir tua dica musical e buscar conhecer esta desconhecida. Bom gosto eu sei que você tem! =]
Abração, H.
Tiagão, que ironia. Hoje sei lá pq deu vontade de entrar no teu blog (já que o meu acumula teias de aranha e outros vestigíos arqueológicos) e li esse post da TUCA. 4af que vem estou ajudando a organizar um evento no Teatro TUCA da PUC São Paulo sobre créditos de carbono... não é MUITA concidência !?!
Achei seu antigo blog por acaso.
Fui amiga da Tuca.
O melhor de Françoise Hardy tem Tuca no meio.
O melhor dela se chama VERDE.
Tente achar (nem eu tenho) e deleite-se.
Cara X-14,
Desulpe a demora em publicar seu comentário, tive duas semanas corridas e só ontem à noite parei.
Fiquei muito contente em receber sua mensagem. A música da Tuca me cativou e posso dizer seguramente que vai ficar comigo. Vou tentar achar o VERDE na próxima vez que for ao Brasil. Legal saber que você era amiga dela, gostaria de te encorajara a escrever a respeito da Tuca, já que existe tão pouca informação disponível sobre ela.
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