sexta-feira, novembro 20, 2009

Disperso

I


Enquanto não me chega a paciência ou a energia para reler e acabar os posts que queria ter publicado aqui vou escrevendo sobre outras coisas que me ocorrem. O tom de "querido diário" é inevitável, mas já era hora de começar a escrever em maior quantidade, o que é melhor do que não escrever at all. Na era do Twitter (tremo diante da idéia de haver uma "era" do Twitter) em que podemos escrever telegráficos relatos de nossas atividades para todas as pessoas que nos acompanham pela internet, eu, o prolixo bacharel, prefiro utilizar a tecnologia para informar a quem interessar que estou ouvindo Mozart no momento, enquanto me recuperode uma gripe desagradável (putz, e existe outro tipo?) cuja força descomunal me desancou ontem e hoje deixou somente uma má lembrança e muitos lenços de papel.


II


Instalei em meu notebook um programa chamado Digsby, que unifica as mensagens de diversas contas de e-mail, perfis em sites de relacionamento e programas de chat pela internet. Embora esteja gostando da ferramenta, pois me poupa o tempo de ficar ciscando informações e mensagens recebidas de diversas fontes e com diversos graus de interesse.O que me assustou foi constatar, depois de configurar o programa para administrar o MSN, Facebook, Yahoo Mail, Gmail, Hotmail, Google Talk e Twitter (o programa não se conecta ao Orkut nem ao Skype, os quais tenho que ver separadamente) , a quantidade de meios de comunicação dos quais disponho. Achei um exagero, e não fosse pelo Digsby acho que já teria exterminado boa parte deles, pois nunca gostei de estar tão acessível assim. Sinal dos tempos. Moro longe da família e dos amigos mais antigos e seria mais difícil não fossem estas pequenas comodidades, mas para que tantas? Noventa e cinco por cento do que recebo é bobagem. Outro sinal dos tempos. O marketing agressivo é um adversário feroz do nosso controle sobre o próprio tempo (é também, acredito, o túmulo da elegância, da lisura e do respeito) e ficamos constantemente a defender-nos de uma quantidade indescritível de bobagens as quais nos esfregam à cara.


Quantas coisas eu mesmo tive de esquecer ou mutilar para desempenhar meu próprio trabalho... Sempre tive por hábito falar quando solicitado, jamais ser insistente com qualquer pedido, tratar os mais velhos com a devida deferência, e fui sistematicamente solicitado a passar por cima de anos de um trabalho árduo de educação para vender Starbucks e assim "defendê o leite das criança". Situação incômoda, embora eu também não tenha por costume reclamar de barriga cheia. O trabalho é em si fácil. Só não consigo integrá-lo a minha personalidade. Talvez seja isso que me deprime periodicamente. No trabalho também interajo com um número enorme de pessoas por um tempo muito curto. É uma ocupação bastante dispersiva e volto para casa sem um pingo de energia. Ora, "quem comigo não ajunta espalha", e eu estou em cacos, espalhado dessa maneira. Peço a Deus a gentileza de, novamente, juntá-los e ordená-los como só Ele sabe. Não é um problema fundamentalmente diferente destes diversos instrumentos de comunicação que solicitam minha atenção. Doença moderna, criada pelo homem mesmo, com a melhor das intenções.

Nenhum comentário: