quinta-feira, dezembro 09, 2004

Uma Semana

Mal posso crer que já faz uma semana. Estou sem escrever desde semana passada, neste mesmo dia chuvoso e cinzento, se bem me recordo. Isso simplesmente poderia fornecer a alguém elementos para refutar minha tese sobre porque escrevo, que está publicada um pouco antes, mas não se trata disso. Eu tenho passado muito tempo estudando para provas e escrevendo um trabalho de Filosofia do Direito que será oportunamente publicado num outro blog que por enquanto permanecerá somente para testes já que o que vai para lá vai sem revisão.

De todo modo, a pesar de não ter dito mais nada sobre nada durante uma semana voltei, como um marido infiel retorna ao lar depois de uma noite insone jogando cartas e convivendo com prostitutas da pior espécie. Que fique claro que esta analogia não se trata de uma confissão, jamais convivi com prostitutas da pior espécie, ao menos não profissionais.

O mais interessante é que esse volteio verbal acaba servindo, como muitas vezes antes já aconteceu, para encobrir minha total falta de assunto. O fato é que estou relativamente feliz e um pouco ocupado e nada interessante me ocorre, ou ao menos nada tão interessante me ocorre nesses momentos quanto quando estou me sentindo um miserável. Mas ainda vou aprender a escrever sobre coisas mais leves como algodão doce e papel de seda.

(Se bem que há quem consiga aliar as coisas. Belle and Sebastian, por exemplo faz sempre aquelas músicas bonitinhas mas boa parte delas tem um não-sei-o-que de depressivo. Não é grande surpresa então que eu tenha quase todos os CD's da banda).

Se não posso reclamar das mulheres, dos livros, do novo sucesso do Latino ou do preço do dólar do que diabos eu posso falar? Dos dias de glória? Só tenho vinte e um anos, sobre Cowboy bebop, o melhor deseno animado já produzido? Aí pareceria que tenho doze anos (oque não passa tão longe de uma verdade mais profunda...). Deveria eu então elaborar um comentário sobvre mais uma obra prima do Jazz? Isso envolve um tempo que não me disponho a gastar agora.

Existem certas coisas que não entendo. Uma delas é a fantástica capacidade dos homens de encontrarem sempre algum motivo para reclamar. Eu estou aqui sentado faz uma meia hora reclamando (com maior ou menor intensidade, o que não me compete julgar, mas reclamando) da absoluta falta do que reclamar. O que é que me deixa tão inquieto no exato momento em que tudo está sob controle e nada de terrível aconteceu. Quero dizer aqui que nem ao menos era minha intenção chegar a uma conclusão como essa mas acho que Schopenhauer sabeia do que estava falando sobre a vontade jamais se satisfazer. Eu preciso de combustível para reclamar neste espaço sobre alguma coisa, caso contrário vou ter que começar a citar poesia alheia novamente (o que não seria mal se eu estivesse lendo poesia ultimamente e achasse algo para citar).

Tudo bem, não estou com a menor intenção de sair desse vazio de problemas que é tão confortável e quentinho, mas o diabo é que eu até que estava me divertindo enquanto esta infeliz. Ainda bem que com essas festividades de Ano Novo chegando eu vou poder voltar a me sentir mal por ainda estar solteiro e arranjar motivo para beber e desancar as mulheres que não me quiseram e também aquelas que quiseram mas não devriam ter querido (muito embora pareça crueldade é muito difícil rejeitar uma mulher, existem repercussões terríveis até para os mais valorosos de nós).

Voltarei a escrever quando estiver com um tema melhor em mente. Até então vou dar um jeito de arranjar um texto antigo de quando eu era mais triste. É o jeito. Mas não vejo problema algum em haver escrito isso aqui. Valeu o exercício.

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