sexta-feira, outubro 22, 2004

Inconformismo literário.

Todos os dias somos forçados a ler uma inimaginável quantidade de bobagens simplesmente porque não queremos parecer rudes. Já li "The DaVinci Code" por que todos os meus amigos insistiam que o livro era muito bom, que fazia uma crítica incrível à ortodoxia cristã, que era intrigante... Grande bobagem. Nunca vi um livro mais cheio de besteiras e teoria da conspiração fundada simplesmente em fino ar. Nada de mais, afinal a obra é de ficção. O problema é o status ao qual essa fantasiosa aventura de intelectualidade rasa é elevada pelo público: de verdade revelada, de evidência contra a igreja. Trmenda idiotice. O único que lucrou com essa reação de estupidez coletiva foi o autor do livro.
Agora, toda vez que apareço num barzinho para conversar com alguma mulher atraente e caio na besteira de dizer que gosto de ler ela me pergunta se li Harry Potter. Em se tratndo de mulher bonita eu faço o esforço de engolir a vontade de dizer que aquele livrinho idiota não tem nada de valioso a menos que você precise calçar um pé de mesa. Ora, sorrio e digo que ainda não tive tempo de ler. A verdade? Não consegui me submeter a tão aviltante atividade por mais do que algumas páginas. O que me assusta é que já surpreendi amigos muito inteligentes indulgindo na leitura dessa historinha cujo sucesso só se explica pela absoluta preguiça mental do grande público que, a ler algo que preste prefere fingir que existe algo de valioso num livro infantil completamente ignorável por qualquer um que não assiste Bob Esponja todas as manhãs.
Mas prosseguimos nossa indignada caminhada. Paulo Coelho virou imortal embora seja um dos piores escritores que essa terra já produziu e Luiz Fernando Veríssimo, um dos melhores comediantes brasileiros, a pesar da forma que escolheu para fazer comédia - a crônica - é muito mais lido que Érico Veríssimo, seu pai, escritor de grande calibre que merece ser muito mais estudado do que é e só não recebe a atenção acadêmica que merece porque não era comunista!
Podemos vir a falar ainda dos romances psicografados mas não agora. Já estou de mau humor e não quero continuar a me irritar dessa maneira antes do almoço. Deixamos para outra oportunidade.
Fica então uma recomendação sincera. O que é agradável como leitura não é necessáriamente bom. Não tenhamos preguiça de usar o cérebro, é para isso que ele existe. Abandonemos essa ilusão antes que morra toda a boa literatura por falta de quem a leia.

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