segunda-feira, novembro 28, 2011

Breve nota sobre a campanha anti-tabagismo do Dr. Drauzio Varella


Hoje à noite, minha esposa e eu estávamos assistindo o Fantástico. Triste, sei. Começou a passar o seguimento em que o Dr. Drauzio Varella investe contra o tabagismo. Em homenagem ao esforços do doutor, amparado pelo império midiático da Rede Globo, o governo federal brasileiro e umas quantas organizações internacionais, minha amada e eu decidimos tomar uma atitude. Saímos da sala e, enfrentando um frio de 7 graus celsius (e minha persistente infecção na garganta), e fomos para o pátio onde acendemos um cigarro cada um enquanto o bom doutor terminava sua choradeira.
Doutor, vá promover engenharia social na !%$@#$#$*&*#! (ou seja: na casa da senhora sua mãe).

sábado, novembro 26, 2011

Uma coisa curiosa que percebi na Village Church

Estava lembrando dos últimos sermões que escutei na Village Church e um certo padrão começou a me chamar a atenção. Tanto Matt Chandler quanto Steve Hardin parecem compartilhar de uma espécie de monomania: eles podem estar pregando um sermão sobre qualquer tema no universo - de mecânica de automóveis a Twilight (o que nunca é o caso ali, mas imagine) - e mesmo assim eles vão invariavelmente falar sobre o evangelho. Bem simples, provavelmente leva uns dois minutos para apresentar e aparece em todo sermão sem exceção.

Nós fomos criados por um Deus infinitamente Santo para viver ao lado Dele, pecamos e incorremos em Sua ira, estamos todos condenados, mas Cristo Jesus, Deus encarnado, o Filho de Deus, veio a este mundo, no qual viveu uma vida sem pecado e, mesmo assim, recebeu em seu corpo a justa punição pelos pecados de toda a humanidade e toda a ira de Deus recaiu sobre ele para que todos aqueles que fossem chamados e cressem em Jesus fossem considerados justos por causa da justiça dele a estes imputada e fossem  para gozar com ele da vida eterna ao lado do Pai.

Quase dá para falar num fôlego só. Eles falam alguma coisa parecida com isso em todo o sermão, em toda e qualquer ocasião, às vezes orando, às vezes conversando... Achei isso curioso no começo. Foi aí que me dei conta de que existem muitos pregadores por aí que vão pregar sermões tópicos sobre os mais variados temas (futebol, saúde, justiça social, o preço do pão francês e por aí vai), outros pregam sobre temas bíblicos relacionando-os com algum tipo de problema pessoal com o qual as massas se identifiquem (marido que ignora a mulher, mulher que aporrinha o marido, chefe que aborrece o funcionário, a lentidão do funcionalismo público, as notícias do dia...). O que se tornou menos comum é a pregação de mensagens centradas no evangelho.

Esta é uma boa mensagem para inserir em uma série de explicações que cristãos comumente são instados a dar aos infiéis - o que você faz todo domingo de manhã, por que tem um peixe no parachoque do seu carro, porque você não leva sua namorada para o motel, como pode um sujeito inteligente como você acreditar em Deus...

 

Um incidente não relacionado que escutei no programa Wretched Radio foi uma entrevista com uma jovenzenha sobre religião, entrevista essa que é emblemática da situação de muita gente aqui no "Bible belt" e também no Brasil, país que tem muito sentimento religioso e pouca fé racional - aquela na qual se está quando o respeito pelas coisas de Deus reprime a vontade de falar quaisquer besteiras com ar de santidade, coisa rara no Brasil onde o verso bíblico mais citado é "Deus escreve certo por linhas tortas". Voltando ao assunto, perguntaram à menina no meio da entrevista (na qual a sujeita já dissera que as coisas mais importantes para ela eram a família e a moda) o que ela achava de Deus. Ela respondeu que sim, ela amava Deus, que ela era cristã, afinal ela era do Texas! Ri tanto que quase caí da cadeira. É mais engraçado quando a gente ouve a gravação. A presunção da menina é que o cristianismo era uma espécie de herança familiar ou cultural que não precisava ter absolutamente nada a ver com a vida dela. No fundo penso que todos nós, com poucas exceções, praticamos em algum grau esta forma de auto engano. Essa é a beleza da mensagem dos puritanos - antigos e modernos: é tudo ou nada, ou você pertence a Deus por inteiro, ou não é Dele de maneira alguma. Eu tinha uma dificuldade medonha de aceitar vários dos preceitos que pareciam radicais para mim, e hoje vejo que o que me faltava era coragem de abraçar as verdades bíblicas. O que me assusta é que ainda há muito de mim que reluta a se render ao apelo provlamado no evangelho. Acho que não sou o único.

domingo, outubro 30, 2011

Uma pequena passagem de Earle Fox

Earle Fox, sacerdote anglicano e filósofo americano, no seu livro Personality Empiricism and God (p. 57), escreveu um alerta conciso e muito justo para os cristãos. Gostei tanto que quero repetir aqui:

"The survival of Western Civilization (including most assuredly science itself, due process in civil law, and a free-market economy) depends, in major part, on whether Christians can sustain their claim that Jesus is Lord with an intellectually credible cosmology and Good News about the Intelligent Designer."


sábado, setembro 17, 2011

Minha semana de Solteiro

Minha esposa foi para Cold Spring Harbor, upstate New York, participar de uma conferência sobre Microbiologia. É que ela é uma bióloga atípica, tem horror a qualquer tipo de animal superior com exceção dos gatos e, em nossos melhores dias, de mim. Fiquei brincando com a idéia de ficar sozinho toda a semana passada. Eu sou um marido grudento, sofro quando minha digníssima se vai por mais de algumas horas, mas confesso que estava bastante excitado com a idéia to tempo livre que teria.

Eis o problema: sempre tive a impressão de que passei a produzir e estudar muito menos desde que me casei. Fico sempre irritado com o tempo que minha esposa consome com banalidades das quais sou, com freqüência, espectador inerme ou, na pior das hipóteses, participante contrafeito. Estava triste por estar só, mas imerso no antegozo dos projetos que eu iria realizazr durante a semana. Passo então a fazer um balanço das atividades realizadas.

Na terça-feira saí cedo do trabalho, onde havia tão pouco a fazer que fiquei cansado. Cheguei em casa e requentei o risoto que minha previdente esposa deixou feito no dia anterior. Comi assistindo desenho animado. Preparei café para a manhã seguinte, guardei o resto do risoto na marmita, tomei banho, pus o pijama e liguei para minha amada: "Querida, estou aproveitando que você viajou para fazer uma coisa que você nunca deixa: são sete e meia da noite e já estou na cama pronto para dormir!"

Na quarta, tive que buscar o carro dela no mecânico. Fui certo de que iria pegar o carro e dar uma volta pela cidade. No meio do caminho de volta acabei mudando de idéia. Voltei para casa, não pude fumar porque tive preguiça de ir comprar cigarro, tomei banho e encomendei comida chinesa. Fiquei assistindo mais desenhos na cama até a comida chegar. Fui buscar a comida, que levei direto para a cama onde comi e caí no sono. Acordei na manhã seguinte ao lado da bandeja.

Na quinta fui ajudar meu querido amigo Tony Ex Ex (já estou fazendo referências a meus posts anteriores, uau...) a resolver uns problemas no computador. Assisti o começo do show do Rei Roberto Carlos em Jerusalém enquanto fazia um macarrão. Comi e fui para cama após ler meia página de John Piper.

Na sexta cheguei em casa e jantei Cheetos, dois muffins de chocolate e um copo de uísque. Resolvido a ler alguma coisa fui tentar acabar de ler The Jesuits do Malachi Martin. Avancei um pouco na leitura, mas não me lembro mais o que li. Tentei dormir mas a gata não parava de miar de saudades de sua dona. Fui dormir em definitivo às duas e meia da manhã e acordei às seis e meia com o barulho do celular que trazia a mensagem de minha esposa avisando que me ligaria dali alguns minutos. Não preciso dizer que a noite acabou aí.

Esta experiência me mostrou de forma cabal a imbecilidade da concepção de que o casamento consumiu tempo precioso de criatividade. Desculpe querida, de longe o pior inimigo de meu desenvolvimento intelectual continuo sendo eu. Engraçado como essas situações nos mostram como certas idéias que jamais questionamos podem ser completamente falsas. Como diz o Matt Chandler, noventa por cento das vezes você está infeliz por culpa sua.

Para meu alívio,a patroa volta hoje para Dallas e a vida retoma seu ritmo normal. Passo muito melhor quando tenho alguém para me defender de mim. Vivendo e aprendendo.

sexta-feira, julho 29, 2011

Dallas no verão

É chegada a noite de sexta feira. Difícil crer que seja o caso, pois o Sol continua a reinar e obfuscar os demais astros no céu, e a brisa sopra quente sobre a cidade. O tempo inclemente, seco, quente e opressivo de Dallas obriga seus habitantes a buscar o refúgio de seus aparelhos de ar condicionado, onde quer que se encontrem.

Não há quase vagabundos ou loucos mendicantes na cidade. Se não basta para afastá-los o sol inclemente, também não encontram aqui calçadas pelas quais vagar, nem praças onde repousar. As ruas mostram assim a limpeza de um lugar estéril. Para encontrar fida por aqui, seja ela humana ou animal, deve-se procurar um dos shopping centers - estrangeirismo infeliz, uma vez que os anglófonos preferem chamá-los de "malls".

Estamos contentes em procurar o refúgio do lar, ao abrigo do sol e da falta de vida nas ruas. As ruas foram feitas para carros, não para gente. E há carros de sobra para encher os olhos de qualquer transeunte. É um prazer ser motorista em Dallas. As ruas exibem uma perfeita ordem, fazendo circular de forma harmoniosa sua corrente de sangue, metal e borracha. São ruas largas, prontas para receber os "trucks" que os texanos insistem em conduzir embora a maioria já tenha deixado as fazendas e ranchos faz muitas gerações.

Durante a semana, todos trabalham. Possivelmente trabalham demais. Nos fins de semana, os habitantes da cidade saem de suas casas, montados em suas caminhonetes (ainda maiores no Texas do que no resto do mundo) e afluem para os bares, restaurantes, clubes de strip-tease (há quem sustente terem sido inventados aqui), malls, cinemas e igrejas, muitas igrejas. O cinturão bíblico, que tem em Dallas uma de suas áreas mais representativas, produz santos e pecadores em desabalada medida. Para fazer um santo, é necessário um pecador, a fé, a graça e o Cristo. Sem o pecador não há o santo, e pecadores há em profusão, e uma profusão proporcional de igrejas a interceder por tanto pecado.

É necessário muito trabalho, muito pecado, muito perdão e santidade para que Dallas permaneça, dia após dia, ao abrigo do sol.

domingo, julho 17, 2011

Olavo de Carvalho: Intrigantes e Fofoqueiros

Divulgo um vídeo do Olavo de Carvalho desancando os imbecis que insistem em atacá-lo e, de quebra, seus alunos. Não tenho nada a acrescentar ao que disse o filósofo. O Olavo é brilhante em suas exposições, e sempre procura ser didático, de modo que posso dizer com segurança que se ele não é melhor compreendido, e chega a ser combatido, é por deficiência mental e moral de seus detratores.

Eis o link direto do vídeo para download:
http://a32.video2.blip.tv/11950008929367/Olavodecarvalho-IntrigantesEFofoqueiros590.flv?brs=1043&bri=14.1

E o link do Seminário de Filosofia, o qual, vale lembrar, só me fez bem.
http://a32.video2.blip.tv/11950008929367/Olavodecarvalho-IntrigantesEFofoqueiros590.flv?brs=1043&bri=14.1

sábado, julho 09, 2011

O Português do pastor Marcílio

Já se vão alguns anos desde a última vez que ouvi a pregação do pastor Marcílio Gomes Teixeira. Quando finalmente fui trazido de volta, de maneira lenta e gradual, ao seio da noiva, ele já não estava mais à frente da Igrja Batista Central de Campinas. Tive a alegria de encontrá-lo, bem como sua esposa, a Dona Helena, alguns anos depois, durante um culto comemorativo de 50 anos da IBCC. Foi uma ocasião muito singular para mim, uma vez que o casal teve um papel muito importante em minha vida cristã. Foram ativos nos momentos fundamentais de minha formação, e quero muito bem aos dois pelo que me legaram.

Mas este não é o tema do post. O tema não é o pastor Marcílio, nem o seu papel na minha formação cristã. O tema é o Português do pastor.

Hoje tive a vontade, meio do nada, de escutar um sermão em Português. Me bateu uma saudade de escutar um pregador que tivesse algo a ver com a minha cultura, e recentemente só tenho escutado pastor americano (por razões óbvias) além do ex-comediante e agora evangelista ultra ortodoxo na teologia Todd Friel e estava francamente enjoado. Por acaso, no site da IBCC, que não revela o nome do pregador na sua Central de Mensagens, fiz o download de uma mensagem que calhou de ser pregada pelo pastor Marcílio.

Depois de tantos anos, foi um verdadeiro alento para meus ouvidos escutar alguém falando Português de forma tão natural, tão espontânea e tão correta! Preciso escutar mais uma vez para ter certeza, mas tive a impressão de que ele não comete um único erro gramatical, em nenhuma ocasião escorrega na pronúncia, declama o texto da mensagem como se estivesse batendo um papo e tomando o café da tarde na varanda.

Numa era de teleprompter, de improvisos desastrados, uma época em que até nos jornais a última flor do lácio é abusada e maltratada por um verdadeiro exército de profissionais que não passam de usurpadores dos cargos de professores, escritores e jornalistas, uma época em que blogueiros como eu publicam artigos sem corrigir por pura preguiça (sim, quem passa por este espaço sabe o quanto fujo da tarefa de corrigir meus textos - preciso é de um editor que seja super competente e aceite como pagamento apenas sorrisos e tapinhas nas costas), é uma delícia escutar um pregador que tenha um domínio tão perfeito da língua pátria. Muito disso é mérito do pastor Marcílio, por buscar ser um homem educado, parte se explica pelo fato de o pastor ser de outra geração, aquela cuja educação ainda não havia sido sacrificada no altar das ambições socialistas.

Toda esta experiência me remeteu diretamente à infância. Lembro que nunca fiz questão de participar do louvor na igreja, o qual curiosamente era o momento no qual as crianças podiam ficar, mas sempre gostava de ficar para a mensagem. Escutava extático a pregação e me empenhava em compreendê-la. Desta forma, aprender a usar palavras novas, expressões, tudo isso no Português falado, era muito natural para mim. Tive sorte. A maioria das pessoas aprendeu o Português chinfrim com sotaque carioca que a Rede Globo espalha para 70% da população brasileira feito gonorréia.

Um dos poucos lugares dos quais o Português falado pode ser proferido com total correção gramátical, sem parecer estranho, é o púlpito. Infelizmente alguns pregadores se esquecem disso, talvez no afã de atingir mais pessoas. Acho que convém lembrar, especialmente diante da enxurrada de novas traduções cada vez mais simples e mastigadas da Bília que invadem o mercado editorial brasileiro, que em breve o evangelho não vai mais ser reconhecível no Brasil simplesmente porque faltam palavras para anunciá-lo! As besteiras linguísticas e a ignorância generalizada cujos exemplos abundam nos jornais, revistas e na TV, certamente acabam desaguando nas praias da teologia. O resultado desse processo corre a galope na Terra de Vera Cruz, como bem demonstra o sucesso estrondoso das formas mais baixas de teologia (entenda-se aí pricipal mas não exclusivamente a Igreja Universal do Reino de Deus).

O país precisa de pessoas mais educadas no ministério pastoral. Lemrbo-me de um comentário de Frank B. Sandborn (em Voegelin, The Form of the American Mind p.132, nota 20) sobre Johnathan Edwards, em que ele dizia Edwards, se quisesse, teria ficado par a par com David Hume no campo da Filosofia, mas preferiu dedicar sua vida à carreira de ministro do evangelho. O que produziu o Brasil que se compare? O último grande pregador brasileiro que falava e escrevia em um Português castiço, o Pe. Vieira, nem brasileiro era.

Fica então registrado meu apreço e minha gratidão ao pastor Marcílio.

sexta-feira, julho 08, 2011

Warren, Piper, Carvalho e esta besta que vos fala

Fiquei sabendo que John Piper está indo ao Brasil. Bom para o Brasil. Piper é um pregador excelente e um homem com uma paixão intensa pela glória de Deus. Ele nos reapresentou a uma faceta muitas vezes esquecida da fé cristã, a genuina alegria em Deus, e conseguiu fundamentá-la naquela característica que para o homem carnal seria a antítese da alegria, a absoluta soberania divina. Seu "Desiring God" é uma obra prima que demonstra, por parte do autor, uma compreensão sublime e, no entanto, quase velada da dialética fina que rege a relação entre nossa alegria e a soberania de Deus.

Admiro faz alguns anos o ministério de Piper. Ele foi tema de uma das conversas com o pastor Leandro Peixoto que me afetou profundamente. Aqui em Dallas fui novamente me nutrindo com o material da pregação dele e sou muito grato por isso. Tive, contudo, uma experiência curiosa que tem a ver com o Olavo de Carvalho. Farei o possível para atar estas pontas logo, antes que acabe o interesse do leitor.

Muitos meses atrás, o professor Olavo nos dizia que o brasileiro tinha um jeito muito gozado de admirar uma pessoa: admiramos quem tem mais força que nós (força intelectual, ou eu não estaria falando de Piper e Carvalho, mas de Terry Hulk Hogan e Lou Ferrigno), mas ao primeiro sinal de que a pessoa possua algum defeito qualquer, nos decepcionamos, baixamos os olhos, vestimos pano de saco e lançamos cinzas sobre a cabeça. Em seguida, já consideramos o fulano superado por nós, e sentimo-nos os gostosões, afinal descobrimos um defeito no que antes nos parecia tão belo e formoso. Ora, após ouvir esta aula umas tantas vezes, já estava certo de que jamais iria cair na besteira de me comportar como os imbecis que fazem estas coisas.

Quem adivinhar o que aconteceu em seguida leva um doce.

Entrei no www.desiringgod.org e fui recebido com um banho de água fria. John Piper fez uma das entrevistas mais chapa-branca da história recente, perguntando uma série de questões sobre doutrina cristã para o conhecido pastor-da-camisa-havaiana Rick Warren, e recebendo como resposta quse tudo o que ele, e qualquer calvinista que se preza, gostaria de ouvir. Só faltou perguntar a coisa mais importante: por que a obra e a pregação e a postura pública do fulano não concordam com todas as coisas bonitas que ele disse na entrevista?. Se você é fã do Rick Warren, por favor, pare de ler por aqui. Não vou me desculpar por afirmar que o sujeito é um charlatão (procure no Youtube os vídeos mostrando o homem falando uma coisa para sua igreja e depois descaradamente negando tudo para o Larry King na questão da Proposition 8). Mentir em um canal de TV a cabo visto por pessoas de todo o país foi apenas a mais recente presepada na folha corrida do mega seeker-sensitive church pastor. Ele é o rei das platitudes superficiais, que ele quer que acreditemos se tratarem de pregação do evangelho, e faz tudo em nome do propósito questionável de fazer com que toda e qualquer pessoa se sinta o mais à vontade possível para se juntar aos quadros inchados de seu mega-ministério. Quem conhece o ministério sério, a pregação profunda, ainda que divertida, e o esforço enorme feito por Matt Chandler para esvaziar os bancos de sua Village Church vai entender bem a diferença entre o mega pastor que deu a bênção à presidência Obama (dói o saco só de pensar) e um pastor de verdade como o Chandler (embora este seja, pelas minhas estimativas, bem mais novo).

Não se pode negar que o homem seja esperto. Ele é bom de papo, está determinado a agradar a dois senhores (e a quem mais ele conseguir), e consegue se manter sempre sorridente, superficial e em cima do muro. Imagine qual não foi a minha surpresa quando assisti uma entrevista de umas duas horas na qual Rick Warren usava o reconhecimento de John Piper no meio evangélico como papel higienico para limpar sua reputação.

Imediatamente levantei meus punhos indignados para os céus, naveguei a internet buscando opiniões de pessoas que estivessem tão iradas quanto eu (encontrei algumas). No dia seguinte fiz um discurso indignado no caminho para o trabalho, para o qual aluguei os dois ouvidos de meu insuspeito amigo Tony, que é ex adventista, ex cristão denominacional (Quem foi adventista pode mesmo dizer que foi cristão denominacional? Uma pergunta que ficará sem resposta neste espaço - embora, neste caso, a pergunta sozinha já deva ter ofendido muita gente) e presentemente judeu messiânico, e que, por conseguinte, não tinha nada a ver com o pato.

Passadas mais umas semanas voltei ao meu estado normal, estava ouvindo o Piper e lendo This Momentary Marriage, uma exposição magistral sobre o que é o casamento aos olhos de Deus e as conseqüências práticas disso para a vida dos casais (mais uma ponta solta que não terei ocasião de atar e ficará sem maiores elaborações - quem quiser que compre o livro), quando escutei uma aula recente do professor Olavo reiterando o aviso acerca da maneira torta que o Brasileiro tem de admirar. Me bateu uma baita culpa retardada pela minha conduta, e meus sentimentos mesmo, durante a fatídica semana da entrevista. Derrubei o Piper em minha mente e quis me achar melhor que ele, busquei apoio para minha estupidez em algumas opiniões colhidas na internet, botei banca de santo e defensor da família e da fé cristã ortodoxa... Uma miséria só. O filósofo conseguiu me pôr em xeque sem nem mesmo se dar conta. Chega a dar arrepio a maneira como o homem conseguiu ver exatamente o que estava se passando... sem saber o que estava se passando! Vivendo e aprendendo.

Me senti um bundão, um estúpido (e alguns dirão que este deve ter sido um de meus raros momentos de clareza - devem ser fãs do Rick Warren) e aprendi um pouco mais sobre orgulho intelectual, sobre a diferença entre moralidade e moralismo e sobre mais uma razão pela qual fazer parte do Curso de Filosofia do professor Olavo foi uma decisão acertada. Não fosse pelo puxão de orelha, eu teria morrido com a convicçao imbecil de que minha (inexistente) santidade era algo mais que uma invenção diabólica.

Continuo não gostando do Rick Warren e o que ele representa. Continuo não entendendo o porque da tal entrevista. Estou, contudo, profundamente arrependido pela minha reação. Achei a coisa toda tão instrutiva que resolvi compartilhar com qualquer interessado, assim algum bem se faz dessa porcaria toda.

Em suma, se puderem, vão assistir o Piper no Mackenzie quando ele for ao Brasil. Vale muito a pena.

quarta-feira, julho 06, 2011

Um pouco como o Romário

Um pouco como o Romário, que voltou da aposentadoria mais vezes do que posso contar, estou fazendo mais um retorno à blogosfera. Um comentário amabilíssimo em meu último post (que será atendido assim que eu tiver uma oportunidade) fez-me ver a desfaçatez que é manter aberto um blog no qual só se escreve uma vez por ano. Sei que não causei nenhuma séria crise de depressão com minha ausência, mas um estranho senso de decoro me impele a voltar.

Digo mais: espero voltar mais leve, mais breve, mais adaptado à falta de tempo que me constrange. Já era hora de abandonar a mentalidade "ou escrevo algo muito sério (o que nunca consegui fazer muito bem), ou não escrevo nada". Espero publicar alguns posts de fôlego que estão na gaveta, mas o grosso da produção será de platitudes mesmo. Se não fizer assim, arrisco esquecer o Português. Tanto é o medo que já pedi para a professora Lídia (a senhora minha mãe) uma gramática de presente. Quem sabe agora, com quase trinta anos de idade e uma resma de textos publicados aqui, não consigo finalmente aprender gramática?